Diabete – Pesquisas com canabinoides

Diabetes mellitus é uma doença metabólica que impede que o organismo utilize a glicose de maneira adequada. Estudos têm demonstrado que a maconha reduz o risco de diabetes, pode ajudar no tratamento de casos avançados e auxiliar no gerenciamento de dor associada à doença.

Visão geral

Diabetes é um grupo de doenças que influenciam como o corpo utiliza glicose – o açúcar no sangue. A glicose é uma fonte de combustível importante para as células e a principal fonte de energia do cérebro. Na diabetes, a corrente sanguínea apresenta um excesso de glicose. Este acúmulo se deve a um problema com a insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas que permite que o organismo processe e utilize a glicose.

Existem dois tipos da doença. A diabetes tipo 1, ou dependente de insulina, comumente afeta crianças e adolescentes e ocorre quando o pâncreas não produz insulina o suficiente. A diabetes tipo 2 – cerca de 90-95% de todos os casos da doença – ocorre quando o pâncreas não produz insulina o suficiente ou as células passam a não responder à insulina adequadamente. O excesso de glicose no sangue pode levar a problemas de saúde graves, incluindo doenças cardiovasculares, danos em nervos, rins, olhos, pés, problemas de pele e deficiência auditiva.

Os sintomas associados a diabetes incluem aumento da sede e micção frequente, perda de peso sem explicação, fadiga, fome extrema, irritabilidade, visão embaçada, presença de cetonas na urina, infecções frequentes, coceiras e pele ressecada.

A causa da diabetes tipo 1 continua desconhecida. O sistema imunológico ataca e destrói acidentalmente as células dentro do pâncreas que produzem insulina. A diabetes tipo 2 está vinculada à obesidade e sedentarismo.

Os tratamentos para a diabetes comumente incluem encorajamento de uma alimentação saudável e exercícios físicos regulares para diminuir o peso corporal. Além disso, é importante monitorar regularmente o açúcar no sangue de indivíduos diagnosticados com qualquer um dos tipos de diabetes. Pode ser necessário injeções de insulina para ajustar os níveis de glicose no sangue.

Efeitos da canabis na diabetes

O uso da canabis tem apresentado uma associação inversa com a diabetes 2. Os usuários de canabis tem uma menor incidência da doença, o que tem sido observado em estudos com humanos e animais.

Em estudos com animais, um dos canabinoides encontrados na canabis, o CBD (canabidiol), demonstrou reduzir significativamente as citocinas pró-inflamatórias na corrente sanguínea e a incidência de diabetes em camundongos não-obesos 23. Mais tarde, os mesmos pesquisadores fizeram um estudo semelhante, mas com roedores que apresentavam sintomas iniciais ou um estágio latente da doença, e descobriram que o CBD foi eficaz no controle das manifestações da doença. Somente 30% dos camundongos tratados com CBD acabaram desenvolvendo diabetes24.

Outra pesquisa descobriu que os tratamentos com CBD em ratos, entre uma e quatro semanas, demonstraram oferecer uma proteção significativa da retinopatia diabética 10. Outro canabinoide encontrado na canabis, o tetraidrocanabinol (THC), produz diversos efeitos benéficos reduzindo o risco de diabetes em camundongos obesos, incluindo redução da intolerância à glicose, melhorando a tolerância à glicose e aumentando a sensibilidade à insulina 22. Os canabinoides também têm demonstrado desencadear efeitos anti-inflamatórios que tratam efetivamente a diabetes tipo 1 em camundongos 1.

Em estudos com humanos, o uso de canabis tem sido associado a uma prevalência mais baixa de diabetes 17. Um estudo observacional descobriu que indivíduos que haviam usado canabis nos últimos 30 dias experimentaram níveis mais baixos de insulina em jejum e resistência à insulina 16. Outros pesquisadores descobriram que aqueles que consumiram canabis no ano anterior apresentavam maior probabilidade de possuir um índice de massa corporal, insulina mais baixa em jejum e menor resistência à insulina quando comparado com não-usuários 14. Em pacientes infectados com HIV-HCV – que apresentam maior risco de desenvolver diabetes – a canabis tem demonstrado estar associada a um menor risco de se desenvolver resistência à insulina, demonstrando assim seu potencial como opção terapêutica 4. Os canabinoides também têm demonstrado desempenhar um papel na regulação do metabolismo de glicose, sugerindo que são benéficos na regulação do tecido adiposo em humanos obesos 15.

O CBD e o THC agem nos receptores canabinoides (CB1 e CB2) do sistema endocanabinoide, o que estimula respostas analgésicas e anti-inflamatórias 3, 8, 11. Devido a estes efeitos anti-inflamatórios da canabis, pesquisadores concluíram que ele pode servir como opção terapêutica viável no tratamento de doenças inflamatórias, como a diabetes 5. Um estudo descobriu que a administração de CBD diminuiu o estresse oxidativo, inflamação, morte celular e fibrose, sugerindo que ele possui um grande potencial terapêutico 18. Um estudo com animais descobriu que a ação no receptor CB1 diminui a glicose do plasma em jejum, melhora a resposta glicêmica à glicose e melhora a sensibilidade à insulina 12. Quando combinado a uma dieta hipocalórica, bloqueando o receptor CB1 por mais de um ano, demonstrou causar uma redução significativa do peso corporal e circunferência da cintura, melhorando os fatores de risco cardiovasculares 20. Outro estudo descobriu que canabinoides são eficazes na redução da destruição de células beta, que levam à deficiência de insulina e causa diabetes tipo 1 13.

A canabis também pode auxiliar no gerenciamento de dores associadas à doença. Em vários estudos, a administração de canabis em camundongos reduziu a alodinia tátil relacionada a diabetes, ou dor resultante de um estímulo não prejudicial à pele 9, 19. Um estudo controlado com placebo descobriu que a canabis inalada é eficaz na redução da dor neuropática periférica diabética que, de outra forma, havia sido provada resistente a tratamentos 21.

Estudos recentes sobre a canabis para diabetes

  • Indivíduos que usaram maconha nos últimos 30 dias experimentaram níveis mais baixos de insulina em jejum e menor resistência à insulina. O impacto do uso de maconha na glicose, insulina e resistência à insulina entre adultos americanos.
    http://www.amjmed.com/article/S0002-9343(13)00200-3/pdf
  • Usuários de maconha apresentam menor prevalência de diabetes quando comparado com não-usuários de maconha. Redução da prevalência da diabetes em usuários de maconha: dados de corte transversal da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (NHANES) III.
    http://bmjopen.bmj.com/content/2/1/e000494.full

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